23 de janeiro de 2013

Prêmio "Mulheres Negras contam sua História" tem inscrições encerradas na próxima sexta


Segue aberto até 25 de janeiro o período de inscrição para o prêmio "Mulheres Negras contam sua História", da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).

“Nossa pretensão é que as mulheres negras escrevam e possam trazer subsídios para a elaboração de políticas públicas”, afirmou a ministra Eleonora Menicucci, da SPM, no ato de anúncio da chamada pública, ocorrido durante os atos alusivos ao Dia Nacional da Consciência Negra.

O público-alvo do concurso é formado por mulheres autodeclaradas negras. Elas poderão participar com redações e ensaios, contar a história e a vida das afro-brasileiras na construção do país. O prêmio possui duas categorias: "Redação", com texto de no mínimo 1.500 até o máximo de três mil caracteres, e "Ensaio", com textos de seis mil a dez mil caracteres. Serão premiadas as cinco melhores redações com R$ 5 mil, e as cinco candidatas selecionadas na categoria “Ensaio” receberão R$ 10 mil.

O prêmio é uma iniciativa da SPM no resgate do anonimato das mulheres negras como sujeitos na construção da história do Brasil. O objetivo é estimular a inclusão social das mulheres negras por meio do fortalecimento da reflexão acerca das desigualdades vividas pelas mulheres negras no seu cotidiano, no mundo do trabalho, nas relações familiares e de violência e na superação do racismo.

Participação
As inscrições estão abertas desde 21 de novembro de 2012 e se encerrarão na próxima sexta-feira. Somente mulheres autodeclaradas negras podem participar do concurso.

As inscrições somente serão aceitas mediante o envio dos textos, em formato de texto, nas categorias "Redação" e "Ensaio". Deverão ser efetuadas pelo endereço:
premiomulheresnegras@spmulheres.gov.br ou postadas pelo correio
para o endereço: Prêmio Mulheres Negras contam sua História - Secretaria de
Políticas para as Mulheres da Presidência da República - Praça dos Três
Poderes Via N1 Leste, s/nº, Pavilhão das Metas, CEP 70150-908, Brasília - DF.

Fonte: Seppir

12 de janeiro de 2013

O JEJE DA ÁFRICA AO BRASIL


A história do desenvolvimento do império crescente do Dahomey é indispensável para compreendermos os Voduns, precisamente a quebra e a migração do Ewe/Fon.
Alguns estudiosos da cultura africana achavam que todos os Voduns cultuados em Dahomey eram DIVINDADES originárias dos yorubanos.  Um grande equívoco!  Trata-se simplesmente de uma troca de atributos culturais de cada região.
Em todas as regiões, as divindades africanas são louvadas, sejam ancestrais ou vindas de outras regiões, mas preferencialmente cada região cultua suas próprias divindades, os ancestrais.
 As divindades estrangeiras podem ser aceitas inteiramente nos santuários dos Voduns locais, embora permaneçam sempre como estrangeiros.  O mesmo tratamento é dado em terras yorubás aos Voduns originários de outras regiões.
Dahomey, cuja capital era Abomey, foi o principal reino da história do atual Benin.

Seu poderio militar formado por bravos guerreiros e amazonas era temido por todos os reinos vizinhos que foram sendo conquistados.
O exército do rei era dividido em duas partes: o regimento permanente e o regimento das coletas tribais (prisioneiro).  Esses prisioneiros eram treinados para serem guerreiros do rei e as mulheres, em especial, eram enviadas ao regimento das amazonas onde aprendiam a lutar. Os prisioneiros que se negavam a aderir as causas do rei eram sumariamente executados ou vendidos como escravos. Os chefes das tribos conquistadas ficavam reservados para serem executados durante o festival anual de ancestrais, em memória dos reis mortos.  Suas cabeças eram decapitadas e seu sangue oferecido aos falecidos reis. Essa pratica aconteceu do séc. XVI até o séc. XVII.
O reino de Dahomey foi o maior exportador de escravos para o nome mundo.
Vodou – Vodoun – Vodum – Voodoo – Voudun – Vodu – Vudu – Hoodoo - etc.
A palavra vodou é de origem Ewe/Fon e significa força divina, espírito, força espiritual. É usada pelo povo do oeste da África para designar os deuses e ancestrais divinizados.

No século XVIII o rei Agajá consolidou as crenças de vários clãs e aldeias, formando um “sistema espiritual dos Voduns”. Isso gerou uma enorme variação do termo, devido a quantidade de dialetos usados por esses clãs e aldeias, que somado a influência francesa, passaram a falar como entendiam.

Essa diversificação fonética dá-se também por conta dos idiomas de pesquisadores que “invadiram” a África, em busca de conhecimento sobre o Vodou. No Brasil, por exemplo, usamos o fonema Vodum.
A palavra Hoodoo não é uma variante de Vodou.  O Hoodoo é uma sociedade haitiana similar as que existem no Benin (Sociedade do Bo) e Ghana (Sociedade Jou-Jou), onde pessoas são preparadas para ler oráculos e fazer fórmulas mágicas usando elementos da flora, da fauna e do mineral.

Quando foi estabelecido o grande reino de Dahomey, lá não existia o culto de Voduns. Nessa época, o atual rei sentia a necessidade de uma assistência espiritual que o ajudasse a combater os problemas que o atormentava. Mandou chamar um bokono (adivinho) e pediu que esse consultasse os oráculos.

A conselho dos oráculos mandou vir de diversas regiões os Voduns e construiu seus templos. Com isso Dahomey passou a sitiar diversos clãs e aldeias de Voduns. Anos mais tarde, o rei Agajá fez a consolidação, como já foi dito.

No período da escravidão, muitos daomeanos foram levados para o novo mundo e com eles a cultura e o culto dos Voduns.

Os Voduns cultuados no Brasil são originário da África, sua práticas e tradições se mantiveram intacta como era no Dahomey (atual Benin) desde o começo dos tempos.
A nação Jeje sofreu por alguns anos uma queda em seus cultos, devido a falta de informações. Os mais antigos preferiram levar para o túmulo seus conhecimentos a passá-los aos que poderiam perpetuar os Voduns no Brasil.

Dos filhos de Jeje que ficaram perdidos, sem conhecimento sobre Voduns, uns mudaram de nação e outros resolveram investigar, buscar, pesquisar suas origens e levantar a bandeira da nação. Hoje, graças a essas pessoas, a nação Jeje voltou a crescer e a seguir a cultura que foi deixada pelos escravos.
Hoje, encontramos kwes e pessoas que realmente sabem o Culto dos Voduns, esses aprenderam na “própria carne” a passar seus conhecimentos e não deixar que nossa nação venha a sofrer novos abalos ou quedas. Com a proliferação de estudos e pesquisas sobre os Voduns, alguns dos mais velhos que ainda estão vivos resolveram colaborar e nos passar alguns conhecimentos.

A primeira coisa que os adeptos do Jeje devem aprender é a diferença entre Voduns e Orixás, (esse assunto vocês encontram no tópico Jeje África). Vodum é Vodum, Orixá é Orixá; Oya não é Vodum Jô. Aziri não é Oxum, Naetê não é Yemanja, etc.

Assim como na África, também fazemos Orixás dentro dos templos de Vodum, mas isso não os transforma em Voduns, eles são considerados deuses estrangeiros, aceitos em nossos templos. Esses Orixás são tão respeitados e venerados quanto os Voduns. Não existe discriminação nenhuma em relação aos dois deuses (Voduns/Orixás). Em templos de Orixás, também encontramos Voduns feitos, a única diferença é que no Jeje, não mudamos os nomes dos Orixás. Para nós Oya, Yansã são conhecida exatamente como Oya, Yansã. Já os Voduns em templos de Orixás mudam de nome, por exemplo, Vodum Dan/Bessen recebe o nome de Oxumarê, Sakpata recebe o nome de Omolu, etc. Esse diferença também é registrada na Nigéria, então, não é “coisa de brasileiro”.

Falar sobre os Voduns é uma tarefa de muita responsabilidade

Os Voduns são agrupados por famílias; Savaluno, Dambirá, Davice, Hevioso; que se subdividem em linhagens.
A sociedade daomeana é patrilinear e polígena, isto é, dá-se por linha paterna; o homem é casado com diversas mulheres. A sociedade organiza-se em sibs, grupos de irmãos que têm a mesma mãe e o mesmo pai, sem base territorial própria e subdividem-se em famílias.

Dá-se conta de 450 Voduns; alguns cultuados no Brasil outros não.  Acredita-se que com esse resgate poderá se ampliar nossos cultos e voltar a reverenciar Voduns, que tinham desaparecido devido a falta de informações, assim como admitir em templos esses Voduns encontrados.

O Brasil herdou vastos panteões de divindades que ficaram regionalizados de maneira que somente alguns Voduns tiveram domínio nacional
Vodum evoca o mistério e tudo que se refere ao divino.Desta maneira,a suspeita é retirada pelo menos no que diz respeito à essência ainda que permaneça nas manifestações um tanto que desviadas do fenômeno Vodum.
Na verdade, todos os elementos do universo são implicados no fenômeno Vodum. Não é o que a mentalidade da imaginação do sul do Benin concebe de uma cosmogênese de Vodum: Vodum não é o gerador nem o criador do universo,mas seu elo com tudo da natureza,é uma mediação e a proteção do homem.
A religiosidade se manifesta num homem através do fenômeno Vodum,a motivação para que ele faça e use símbolos que  representem seu Vodum. Além disso os homens dizem que Vodum é um mistério, é o inefável quando se concentram nos elementos naturais, é o extraordinário, o herói e o poderoso em  questões de existência humana.
O Fá, mensageiro do Vodum, intervém enquanto a criança está no útero materno.

Identifica o destino e se necessário,o altera. Semelhante a todos os nascimentos e através das situações existentes, Fá participa das iniciações dos Voduns. Curiosamente e paradoxalmente Vodum não acompanha seu iniciado na morte física. No enterro de um vodunsi são feitos rituais para remover o Vodum do morto. Aqui encontramos dois significados importantes: 
1)O Vodum toma conta dos vivos e não dos mortos. 
2)Vodum é um intermediário entre seu iniciado e Mawu e, quando ocorre a morte física, Vodum volta para Mawu.
Como princípio de mediação, Vodum tem um papel importante na organização da sociedade humana.
Texto Adaptado por Ifatola

Fonte: Orixas.com.br

5 de janeiro de 2013

Oriki


Oriki palavra da língua Yorùbá, que tem vários significados, um deles pode-se traduzir como literatura ou textos.
A literatura e a língua eram usadas oralmente pelos povos Yorùbá, pois não existia uma codificação escrita para o idioma antes do século XIX.
A primeira gramática Yorùbá foi publicada em 1843 pelo Bispo Samuel Ajayi Crowther da Igreja Anglicana.
Os Iorubás constituem o segundo maior grupo étnico na Nigéria, representando 18% da população total aproximadamente. Vivem em grande parte no sudoeste do país, também há comunidades de iorubas significativas no Benin, Togo, Serra Leoa, Cuba e Brasil.
Eles acreditam que o nome da pessoa tem a ver com a sua essência espiritual, denotando grande dificuldade em dar nomes a seus filhos.
Um tipo especial de nome é Oriki (neste caso, poesia ou texto poético), que é melhor descrito como nome afetuoso ou carinhoso.
A crença é que chamar uma pessoa por seu oriki é inspirá-lo, uma vez que vai apaziguar seu Ori (cabeça).
Fonte: Toluaye