11 de maio de 2011

João Pessoa vai sediar o próximo Encontro Nacional Mulheres de Axé

II Encontro Nacional Mulheres de Axé

Data: 17 e 18 de junho de 2011(sexta e sábado)

Local: João Pessoa

Objetivos: qualificar a informações sobre as dimensões de gênero e raça nas políticas públicas de saúde, ampliar a participação das mulheres de terreiros nos espaços de decisão de políticas públicas, sensibilizar as lideranças femininas de terreiros para a mobilização e participação nas Conferências de Saúde e Conferência para as Mulheres.

Público: mulheres da tradição religiosa afro-brasileira, gestores e profissionais de saúde, gestores dos Orgãos de promoção de igualdade racial e das Políticas para as Mulheres.

Realização: Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde-GT Mulheres de Axé, Núcleo Paraíba da Rede Nacional Religiões Afro-Brasileirias e Saúde.

Informações: http://www.mulheresaxe.blogspot.com/

6 de maio de 2011

SOCIEDADE SÃO JERÔNIMO DO ALÁKETU

CALENDÁRIO DE CULTO - ANO 2011

08.05.2011 – OXÓSSI
14.05.2011 – XANGÔ
16.05.2011 – OBALUAÉ
21.05.2011– OGUN OXUMARÉ OSSAIM
28.05.2011 – AYABÁS
23.07.2011 – AGANJÚ
30.07.2011 – NANÃ
17.08.2011 – IRÔCO
20.08.2011– IANSÃ
27.08.2011 – OXALÁ

Rua Luís Anselmo, 67 – Av. Aláketu, 13
Matatú – Salvador – Bahia
Tel. 3381-6298/3382-5093/3244-2285
e-mail: t_alaketu@yahoo.com.br

OS MÊSES DE JUNHO E JULHO/2011 FICAM RESERVADOS PARA ASOBRIGAÇÕES.

5 de maio de 2011

Reflexões do Taata Anselmo - Jormal A Tarde

É de se lamentar as notícias que estão circulando banalmente em nossa sociedade, através da mídia, com referência ao Sacerdócio nas religiões de matrizes africanas. Fico muito triste ao perceber que existe, por parte de alguns segmentos dos meios de comunicação, certa tendência em desqualificar o sacerdócio nestas religiões obedecendo ao forte estigma que nos acompanha há muitos séculos.

Por outro lado, a mudança radical de valores por que passa nossa sociedade, tem se alastrado com uma velocidade devastadora, fazendo com que uma religião de tradição oral como a nossa esteja sempre em alerta para defender seu patrimônio cultural e religioso, trazido até nossos dias através de muito sacrifício, sofrimento e morte de muitos dos nossos ancestrais.

Este novo entendimento dos valores que ocorrem na contemporaneidade acaba por agredir frontalmente os ensinamentos que conseguimos obter religiosamente, durante anos, nos Terreiros de Candomblé como forma de aprendizado para a manutenção de nossa tradição para o futuro. Existe um limiar muito tênue entre o aprendizado ancestral e a exigência imediatista da sociedade contemporânea, como se nesta pressa fosse possível avaliar e colocar em prática os ensinamentos que vêm sendo socializados durante séculos pelos adeptos do candomblé de forma pedagógica segura e de acordo com o grau de comprometimento que cada qual tem na religião.

Um sacerdote do Candomblé não se faz da noite para o dia e, segundo nossas tradições, é necessário anos de aprendizado e dedicação à religião para que o Nkisi/Orixá/Vodun determine que este ou aquele deva ser encarregado de manter e dar continuidade às tradições religiosas daquele grupo. Não é uma indicação feita por outro sacerdote que conduzirá alguém ao sacerdócio, pois cabe apenas às Divindades a condução para o mesmo.

A hierarquia religiosa do Candomblé é muito bem estruturada e definida, especialmente no que diz respeito às funções que deverão ser desenvolvidas por cada adepto, bem como sua importância, dentro do sistema hierárquico religioso praticado.

É assustadora a vulgarização e o desrespeito praticados contra a nossa tradição que temos assistido hoje em dia. A falta de aprendizado ancestral no seu próprio Terreiro e a falta de humildade das pessoas têm levado muita gente ao equívoco de se achar preparado para uma determinada missão no Candomblé, auto intitulando-se Sacerdote, quando as próprias Divindades ainda não o qualificaram para tal.

Creio que o remédio para estes males encontre-se nos próprios Terreiros de Candomblé cujos sacerdotes tenham como missão/comprometimento manter a tradição ancestral do mesmo não permitindo ou validando indevidamente qualificações equivocadas que para se firmarem necessitem de apoios ineficientes como os da Internet, literaturas de candomblé, aconselhamentos de pessoas que se dizem sensitivas ou qualquer outra prática que contrarie aquelas que aprendemos em nosso Terreiro, com nosso Sacerdote.

Precisamos lembrar a máxima que diz:
“As Divindades não escolhem os capacitados. Elas capacitam os escolhidos”.

Taata Anselmo Santos Minatojy é tata de inquice do Terreiro Mokambo

Deize Gomes





Dançarina que se apresentou no aniversário da Irmandade SIOBÁ.

Contato: 8151-2332

Xirê! O modo de crer e de viver no Candomblé


Xirê! O modo de crer e de viver no Candomblé
Rita Amaral
Editora Pallas
1a edição - 16x23cm
ISBN 8534703460
120 páginas


Rita Amaral desvenda a importância das festas no candomblé, o contexto em que ocorrem e o seu valor, dentro e fora da comunidade religiosa, como fonte agregadora de valores à sociedade e preservadora da tradição religiosa. Neste estudo pioneiro sobre a festa e o estilo de vida dos adeptos do candomblé, a autora revela que na intrincada rede de relacionamentos dos grandes centros urbanos, o candomblé funciona não apenas como uma instituição religiosa, mas como um novo grupo de sociabilidade, com estilo de vida próprio e com regras definidas pelo contexto mítico-festivo no qual se baseia. Rita demonstra que um dos principais aspectos do candomblé – e das demais religiões de influência africana no Brasil – é o caráter lúdico de suas cerimônias públicas. A festa, diz a autora, traduz em vários planos a percepção de que o contato entre o mundo dos deuses e dos homens é um momento singular e a experiência do sagrado deve ser vivida como um deleite de todos os sentidos humanos. Em Xirê! (termo que significa alegria, dança, brincadeira, festa), o modo de crer e de viver no candomblé, Rita Amaral demonstra, ainda, que a festa revela a centralidade das dimensões lúdicas na constituição da visão de mundo do candomblé, religião que valoriza a alegria, o prazer, o dispêndio, a sensualidade, o corpo, a vida, gerando um estilo de vida singular. Xirê! apresenta o mundo do candomblé com riqueza de detalhes cotidianos raramente registrados nas etnografias clássicas ou contemporâneas sobre o tema, sendo sua leitura recomendada tanto para para os estudiosos das religiões afro-brasileiras como para o povo-de-santo.
Rita Amaral é pesquisadora-orientadora do Núcleo de Antropologia Urbana da USP, doutora em Antropologia Social e pós-doutorada pela Universidade de São Paulo, onde organizou as coleções de peças religiosas afro-brasileiras do Museu de Arqueologia e Etnologia. Estuda as religiões de influência africana desde 1986 e fez parte da equipe de pesquisa de Reginaldo Prandi, que estudou pela primeira vez o candomblé de São Paulo. Tem diversos artigos sobre o tema e atualmente desenvolve estudos sobre antropologia e hipermídia.

http://www.pallaseditora.com.br/livro_c.php?id=231

Emoções do Axé!

A benção meus Irmãos.

Num sábado, dia 18/09/2010, tive a honra e o prazer de desfrutar de momentos raros de emoção e felicidade em pleno Centro Histórico de Salvador, quando participei do grande evento em comemoração dos seis anos da SIOBÁ.

E porque momentos raros? Sim! Eles conseguiram transformar o espaço, num verdadeiro terreiro de axé, pude sentir como se estivesse em casa, num dia de obrigação com todos irmãos reunidos para os trabalhos.

Eles foram muito felizes na escolha das oradoras, pessoas de peso e comprometidas com o verdadeiro significado da nossa religião, pessoas que se dedicam com muito afinco e respeito ao povo de santo.

Nas palavras da célebre Macota Valdina, podemos nos transportar no tempo, até mesmo com uma saudosa e boa nostalgia, de quando o verdadeiro candomblé era exercido com muito respeito aos mais velhos. E complementando, a Ebomi Nice nos fez chorar. É, chorar com saudade de um tempo que passou e que juntos lutamos para resgatar o bom camdomblé.

Isso meus irmãos, nos traz a constante preocupação com a valorização da nossa religião. Mas, tenho certeza de que, estamos no caminho certo e vamos conseguir. Pois, os orixás, inquices, voduns e encantados, colocam em nossos caminhos pessoas sérias e comprometidas com os mesmos objetivos.

E participando deste evento, pude reafirmar o grande compromisso da SIOBÁ, na luta em defesa da moral e dos bons costumes dentro do candomblé. Por exemplo, o orador da irmandade o Everaldo Duarte, com o seu comportamento sério e sereno na condução dos trabalhos, desenvolvendo a sua função como todo verdadeiro OGAN deve se comportar dentro de um terreiro de candomblé.

Pois é meus amigos, parabéns aos membros da SIOBÁ, que mostraram como receber e se comportar dentro da nossa religião. Sucesso e vida longa a essa IRMANDADE.

A benção meus IRMÃOS!

Nilton Carlos da Hora Ferreira

A LAGOA DO QUARTEL

A Lagoa do Quartel. Assim era conhecido um dos locais de maior vibração religiosa, freqüentemente usado para as oferendas dirigidas a Oxum, na região de Amaralina. Chamava-se do quartel, a lagoa, porque se localizava bem em frente ao Quartel do Exército, que ainda está lá e adentrava pela Baixa do Nordeste. Misteriosa, ela se perdia mato a dentro, e poucas pessoas tinham coragem de nadar até sua nascente. Ali a gente pescava umas tartaruguinhas que tinham um aspecto diferente, pois possuíam garras no lugar de nadadeiras e mordiam nossos dedos. É possível que fossem até uma espécie rara ou pré-histórica, mas ninguém atentou para isso. A água tinha uma cor verde-barrenta, mas era gostosa e fria e o mais bonito de tudo era que essas águas quase chegavam à praia defronte. Somente a “linha do bonde”, que mais tarde se transformou em pista de ônibus, era que separava a lagoa do mar. Uma pista estreita, de terra batida, que nas marés de março não impedia que as ondas se arremessassem com restos de espuma salgada nas águas doces de Oxum. E aí se dava o encontro.

Em verdade, diziam meus ancestrais, o grande magnetismo da lagoa se verificava pelo fato de nela acontecer o encontro de IEMANJÀ com OXUM. Um encontro diferente daqueles em que os rios se arremetem mar adentro, uma violação. Mas uma visita cordial de vizinhos, lado a lado, cada um na sua janela, falando de coisas.

Não era raro, alguém que podia ver, ver as duas conversando, uma diante da outra sorrindo e gesticulando, como duas amigas a contar suas aventuras. Certa ocasião alguém viu que uma chorava, a de cauda longa, enquanto a outra lhe oferecia o ojá para secar-lhe as lágrimas.

Era por essas evidências que muitos terreiros famosos encaminhavam para a lagoa do quartel seus ebós mais importantes. Não eram oferendas festivas como as outras em outros locais, mas aquelas mais secretas e mais urgentes, particulares, evocativas e com “resposta paga”.

O Terreiro de Dofono da invasão, o de Artur, o de Piticá, o de Seu Pequeno, todos ilustres componentes da comunidade religiosa da região eram useiros e vezeiros da lagoa. E sabiam que seus pedidos eram considerados e avaliados não só por Oxum, mas também pela assessoria sábia de Iemanjá. Imagine-se, pois, a expectativa daquele ofertante ou solicitante sabedor de que seus desejos, suas confissões estariam sendo avaliadas por duas das mais importantes personagens do panteão afro-brasileiro, com uma solicitação apenas.

Todos nós, sacerdotes da religião afro-brasileira, tínhamos a certeza de que a lagoa ficaria ali, para sempre. O espaço era público e, como tal, do povo. Afinal, não só do povo religioso, pois a paisagem era convidativa ao estar em paz, à meditação, ao descanso e ao caminhar nos fins de tardes. A lagoa era o que agora os jovens chamam de point, para os daquela época, sonhadores e despreocupados que nem eu.

Um dia, porém, aterraram a lagoa. Era preciso dar espaço para a passagem da pista em prolongamento à Rua Visconde de Itaboraí. Sacrificaram impiedosamente mais um recanto sagrado, sem devolução.

Ficou a lembrança, ficou a saudade, ficou a revolta, ficou a indignação pelo desrespeito.

Construíram um arco monumental sobre o portão que dá acesso à capela do quartel, sob o qual ainda se pode ver, quem pode, em noite de lua cheia, a figura de uma linda mulher olhando pensativa para onde era a morada de uma velha amiga de tantas conversas e confidências.

Everaldo Duarte.